
Só pra esclarecer: vagabundagem pra mim é algo saudável e extremamente necessário ao mundo. E a mim.
Pronto, agora posso começar a parte das incoerências.
Conversando com um cara no metrô, daquelas conversas específicas de metrô, critiquei dentro da minha cabeça que se ele tá tão cansado do trabalho, indo pra casa mais tarde do que gostaria e mais estressado do que pode suportar, porque não abre mão de comer em restaurantes, de trepar no motel e de comprar um celular pra se comunicar com as pessoas do trabalho (com os amigos também!)? Ele pode conseguir um trabalho mais simples, autônomo...Virar hippie, freegan...Hare krishna...Sei lá! Qualquer coisa que seja melhor pra ele...E pro mundo dele.
Critiquei e logo descritiquei. Eu tenho um trabalho tranquilo porque, depois da reunião de trabalho em que eu estava, pude comer no McDonald's com o dinheiro da minha mãe. E porque eu recheei meu bilhete único com o dinheiro do meu pai.
De qualquer forma, não posso achar que parar a Cásper é a solução pras minhas incoerências...Mas que ela é a principal é. Eu me formo pra poder ter a opção do emprego. E eu não quero, mas não fujo. Medo incoerente.
Quanto à reunião de trabalho(1), ao Mcdonald's(2)e ao bilhete único(3):
(se você tá cansado do texto, essa parte é relativamente dispensável)
1 - Tava na reunião pra trabalhar no vestibular da Cásper. Compraram meu domingo e minha revolta com o curso por R$80,0. Mas só por um dia.
2 - Sim, eu sou anticapitalista, mas não vejo solução em boicotes anticorporativistas a empresas específicas. Durante muito tempo eu boicotei a coca-cola e o mcdonald's sem deixar de comer no bob's, por exemplo. Claro, na época eu pensava: "o Bob's e o Guaraná Antártica são brasileiros e o Brasil é tão bonzinho, é a minha nação!". Essa opinião mudou quando eu visitei a Bolívia e vi como o Brasil é os Estados Unidos da América Latina...Na veradade mudou antes, mas não vem ao caso. A incoerência não se justifica porque, ainda que eu pense "Eu preciso comer em algum lugar, e não faz diferença se é uma empresa americana ou não", eu conheço as alternativas, mas que são inviáveis se você trabalha na Avenida Paulista. E eu que escolhi trabalhar na Avenida Paulista, não tô com autopiedade. Assim como o cara que eu conversei no metrô e critiquei internamente pra logo depois descriticar e escrever um post enorme e desnecessário, talvez.
3 - Quanto a minha revolta pelo fato de não termos direito real de ir e vir, preciso me aperfeiçoar na arte de pular muros e passar por debaixo de catracas. Tô sem bilhete de estudante, R$2,30 é foda.
Enquanto eu só construir coisas sem destruir as outras que impedem minha liberdade eu vou ser incoerente. Incoerente é a palavra do ano. Só mais um ano, só mais um ano...
PS: Eu não sei se o cara do metrô gosta de trepar no motel. Não conversamos a respeito.
3 comentários:
Pode repetir e repetir a palavra INCOERÊNCIA é muito boa mesmo, rs, que bom que a conversa do motel foi esclarecida porque eu já fiquei pensando - olha essa natália.. - rs, e talvez não seja medo, talvez faça esse trabalho, nesse lugar, porque é preciso né, pelo menos por um tempo, e você sabe disso, vai passar rápido, já tá acabando olha..
E no meu layout não tem onde por os links, saco ¬¬.. e eu quero logo passar dessa fase - manifesto comunista, que você pode notar estar presente no blog - que deve ser parte dessa minha idade, e pirar nas imperfeições...
Aaaah, eu que pensei que o papo de vocês no metrô tinha sido mó caliente... hehehe...
Também sinto essas incoerências. As escolhas que fazemos são incoerentes. E aquilo que para nós é coerente para o resto do mundo não é. E isso faz com que nós sejamos incoerentes. E não temos espaço...
Enfim. Isso é papo pra boteco. Bora beber!
A incoerência ronda nosso grupo...
Medo de não conseguir fugir da incoerência. Ela parece fazer parte da vida - e não do momento. Não podemos deixar.
Ps: Tb fiquei pensando que ele te confessou pagar o motel. E pensei: ele falou quanto foi?
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