quarta-feira, outubro 30, 2013

Silêncio

Silêncio é a resposta
melhor
real
e final

Que viver?
o som é bom
mas o silêncio é
(...)

terça-feira, março 01, 2011

O poema e o poeta

O poema se desprende do poeta como algo que não pertence, pois é universal
que não se dá, pois só se aprende por quem apreende seu sentido num todo global
em sua história
em sua prática
em suas idéias
mas principalmente no seu corpo
e o poeta também usa o poema pra aprender e apreender a idéia
o poeta só põe em palavras o que todo mundo guarda no estômago ou no coração
com medo
ou sem se dar conta
o poeta é só a primeira ponta da linha que, de ser circular, volta a ele no mesmo lugar
ou o como o oito deitado
o infinito cruzado, que não cessa de pulsar
o poema é aprender
de quem escreve ou de quem lê

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

De fundo e superfície

Fundo......Superfície........Fundo
Superfície pra respirar
tomar a dose certa de ar
afundar na imensidão do meu ser
meu jeito de ser precisa de solidão
mas teme
foge
usa outro de muleta
pra que? se tenho papel e tenho caneta
e na água muleta afunda
como meu corpo vivo
que afunda....emerge.......afunda....emerge......
tenho que prolongar o meu ar

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Lua Cheia

São Paulo me apresenta sua máscara de poluição
A lua cheia brilha ao fundo, apesar de tudo
as nuvens de fumaça não são capazes de ocultar as nuvens naturais quando a lua brilha assim
mas a máscara negra veste a brancura, a escondendo, quando o poema chega ao fim

quarta-feira, novembro 10, 2010

Desdobrar

Não faço parte de nada. Não de verdade.
Sinto que cada vez que tento ser parte, é porque não sou. Ah, que sensação de solidão que isso me dá! É fundamental respirar fundo e lembrar que é assim de qualquer forma. Independente de amigos. Independente de família. Independente de companheiro, filho, cachorro. Sou só.
Não consigo não me dividir em duas partes paradoxais quando sinto a plena consciência dessa minha verdade - um lado inseguro e outro lado alegre em ser desafiado. Como se tivesse guardado só pra si um segredo, impossível de ser compartilhado. Confiante por saber que é a partir daí que surge a única possibilidade de liberdade. Me desdobrar em outras pessoas, me relacionar, sempre deve vir depois disso. Sempre.
Mas às vezes não vem. E quando eu sinto outro ser dentro de mim fico confusa com a sensação! Sou eu? ou é outra pessoa? Ainda sou eu, ainda é parte de mim! Mas também é outra pessoa.
São 9 meses de intensa produção da massa mais incrível. E isso não me assusta, nem por um momento.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Acordei com o pé em antigamente
Eu jogava o pára-mente mas nada de aterrissar em mim
só fiquei caindo, até o fim de onde eu vim
infinito é de onde sou
meus caminhos fluem até como estou
e essa manhã acordei e lembrei
foi muito pelo que passei
minha história se confunde com a humanidade
mas sou mulher
e ser mulher só sabe quem é
estou produzindo em mim outro ser que vai ser quem ele quiser
vou me dividir em duas
mas duas sempre fui

quinta-feira, março 25, 2010

A Bolsa Amarela

Uma coisa que eu adoro fazer é arrumar algo que eu não mexo há muito tempo.
Na casa da minha mãe despencou a prateleira de livros e nós duas fomos organizando o que ficaria e o que eu levaria pra minha casa ou pro sebo. Auto-ajuda, romances clássicos, psicografados, poesia... No meio estava um dos meus livros preferidos de quando era criança, mas que eu nem lembrava, A Bolsa Amarela, e sabe aquelas coisas que a gente guarda no fundo mas que nem sabe de onde vieram? Foi assim.
A Raquel é uma menina que gosta de brincadeiras de menino, quer crescer logo, escreve tudo que dá na telha e gosta da cor amarela. Será que eu fiquei igual a menina do livro por ter sido influenciada por ela, ou será que eu era tão igual a menina que gostei tanto desse jeito? Não importa, reli e chorei. Que nem criança.
Brigada, Lygia Bojunga.


sexta-feira, março 19, 2010

Futuro

Será que o futuro chega pra quem fica esperando por ele?
ainda não encontrei alguém que já estivesse no futuro
- e chego a desconfiar de sua existência, talvez seja algum tipo de resistência, quem sabe -

"Tal pessoa tem futuro". Que azar!
Como se futuro fosse algo que se possa ganhar ou ir a loja comprar. Acho esquisito.

Como é difícil ser-estar! Verbo de conjugação simples e ação complexa, de tão simples.
Pro meu gosto, prefiro olhar no espelho meu rosto repleto de tudo que vivi e perceber meu ser:
é um presente estar completa e ainda assim ter tanto pra preencher.
Não olho minha vida de fora, nem quando tento.
Acho que sou parecida com o trem, que não distingue começo ou fim do trilho, ou então como o vento.
O tempo é algo que se come lento.

segunda-feira, março 15, 2010

abandonos e Da Paz (Marcelino Freire)

Esse blog ainda é meu único meio de divulgar meus textos pela Internet, mas tá mais abandonado do que já esteve em qualquer época. Isso não significa que estou escrevendo pouco, mas que estou usando pouco a Internet. De qualquer forma, como ele ainda tem bastante texto por ser um blog antigo, fica por aí.
Hoje posto uma poesia (que não é bem poesia) fresquinha e mais embaixo um texto sensacional do Marcelino Freire, que me lembrei por acasos.

Não existe unicidade sem multiplicidade
não existe verdade universal
meu universo
é quarto-escuro-lápis-caneta-flauta
nada mais me faz falta
mas quero mais

a partir de mim conheço tudo em volta
minha vida, minhas idéias
estão no caminho da reviravolta
dos padrões, das normas
dentro de mim, e a minha volta
não estou sozinha, nem estou com os outros
é um paradoxo que exista essa separação
a complexidade do indivíduo é a complexidade da organização
não existe meio-termo
acontece tudo ao mesmo tempo

uma idéia é algo frágil
uma ferramenta de descoberta e conscientização
não existe em si
não salva ninguém que não queira ser salvo
o autoboicote é muito mais forte
mas quando acontece a mágica de encaixar uma idéia em uma necessidade
aí então se descobre uma verdade
que à próxima mágica deve mudar
ou multiplicar
esse é meu segredo pra evoluir
e é só assim que a minha poesia pode fluir


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DA PAZ - Marcelino Freire


Eu não sou da paz.

Não sou mesmo não. Não sou. Paz é coisa de rico. Não visto camiseta nenhuma, não, senhor. Não solto pomba nenhuma, não, senhor. Não venha me pedir para eu chorar mais. Secou. A paz é uma desgraça.

Uma desgraça.

Carregar essa rosa. Boba na mão. Nada a ver. Vou não. Não vou fazer essa cara. Chapada. Não vou rezar. Eu é que não vou tomar a praça. Nessa multidão. A paz não resolve nada. A paz marcha. Para aonde marcha? A paz fica bonita na televisão. Viu aquela atriz? No trio elétrico, aquele ator?

Se quiser, vá você, diacho. Eu é que não vou. Atirar uma lágrima. A paz é muito organizada. Muito certinha, tadinha. A paz tem hora marcada. Vem governador participar. E prefeito. E senador. E até jogador. Vou não.

Não vou.

A paz é perda de tempo. E o tanto que eu tenho para fazer hoje. Arroz e feijão. Arroz e feijão. Sem contar a costura. Meu juízo não está bom. A paz me deixa doente. Sabe como é? Sem disposição. Sinto muito. Sinto. A paz não vai estragar o meu domingo.

A paz nunca vem aqui, no pedaço. Reparou? Fica lá. Está vendo? Um bando de gente. Dentro dessa fila demente. A paz é muito chata. A paz é uma bosta. Não fede nem cheira. A paz parece brincadeira. A paz é coisa de criança. Tá uma coisa que eu não gosto: esperança. A paz é muito falsa. A paz é uma senhora. Que nunca olhou na minha cara. Sabe a madame? A paz não mora no meu tanque. A paz é muito branca. A paz é pálida. A paz precisa de sangue.

Já disse. Não quero. Não vou a nenhum passeio. A nenhuma passeata. Não saio. Não movo uma palha. Nem morta. Nem que a paz venha aqui bater na minha porta. Eu não abro. Eu não deixo entrar. A paz está proibida. Proibida. A paz só aparece nessas horas. Em que a guerra é transferida. Viu? Agora é que a cidade se organiza. Para salvar a pele de quem? A minha é que não é. Rezar nesse inferno eu já rezo. Amém. Eu é que não vou acompanhar andor de ninguém. Não vou.

Não vou.

Sabe de uma coisa: eles que se lasquem. É. Eles que caminhem. A tarde inteira. Porque eu já cansei. Eu não tenho mais paciência. Não tenho. A paz parece que está rindo de mim. Reparou? Com todos os terços. Com todos os nervos. Dentes estridentes. Reparou? Vou fazer mais o quê, hein?

Hein?

Quem vai ressuscitar meu filho, o Joaquim? Eu é que não vou levar a foto do menino para ficar exibindo lá embaixo. Carregando na avenida a minha ferida. Marchar não vou, muito menos ao lado de polícia. Toda vez que vejo a foto do Joaquim, dá um nó. Uma saudade. Sabe? Uma dor na vista. Um cisco no peito. Sem fim. Uma dor. Dor. Dor. Dor.

Dor.

A minha vontade é sair gritando. Urrando. Soltando tiro. Juro. Meu Jesus! Matando todo mundo. É. Todo mundo. Eu matava, pode ter certeza. Todo mundo. Mas a paz é que é culpada. Sabe?

A paz é que não deixa.

terça-feira, outubro 27, 2009

Achei

Perdi minha poesia
cadê? não consigo achar
aquela que nem dá tempo de escrever que já começo logo a pensar no que vem além
não controlo em reler
poesia não é assim
não pra mim
vai do coração pro sangue pra mão
não passa pela cabeça
não é limitada ao caderno
escorre pela mesa
lambuza minha mão
gruda no vão da minha unha
me liberta
me aprisiona
me aprisiona e então me liberta
processo de desavesso da sensação
não posso perder a emoção
poesia é descontrole
suor, transbordação
poesia é momento, não é alento
não se escreve com o gesto lento
nem a letra em boa condição
pra ler meu original tenho que forçar a visão
meu verso não é difícil
é precipício
é meu próprio hospício
é minha alma
se é que existe alma, essa é a minha
assim nunca estou sozinha
eu, eu mesma, minha poesia, minhas unhas sujas, minha mão melecada, minha alma lavada, minha cara de perplexa arregalada, minha descrença no mundo, em tudo, minha crença no mundo, em tudo
desconfio que nem tenho nada a dizer
cada um que viva o que tem que viver
escrevo até a exaustão
não tenho controle das palavras da minha mão
elas pulam no papel
dançam uma dança de celebração
estamos de volta!
estamos livres!
essa é a minha reviravolta
não sou linear
sou como sonhar
sem início, meio, fim
sou filme do david lynch
sou música de bandolim
sou amiga da confusão
aceito minha condição: sou assim
ninguém me salva, só a minha flauta
e aquele cara que não lembro o que escreveu pra mim
só salva o outro quem se salva
o mundo é justo
a cara é limpa
o mistério é... quando me acaba a tinta?

quarta-feira, outubro 07, 2009

Juízo

Juízo. Seus cisos cutucavam o fundo de sua gengiva. As contas a pagar, final de mês, pilhas de louça suja.
Quem sabe um filho.
Quem sabe um livro.
Quem sabe fugir de mochila nas costas.
Não.
Aquela hora, a única que ela sabia lhe pertencer, o agora, era...da música.
Nada, nem casa, nem contas, nem dívidas, nem promessas, nem memórias, nem falta de memórias, nem projeções... Só uma flauta.
Era como ela queria levar a vida.
O juízo que cutucasse o fundo da gengiva, nem isso pararia o ar do pulmão saindo por chaves abertas ou fechadas do instrumento.
Era aquele o momento.

terça-feira, agosto 25, 2009

Receita de que?

200g de rebeldia
2 xícaras de coragem
150g de confiança
2 pitadas de desapego
amor a gosto

Dissolva a confiança em dois copos de água morna e, em seguida, adicione a rebeldia. Reserve.
Bata a coragem no liquidificador, com o desapego e o amor, até formar um pasta consistente. Se precisar, mais amor para dar o ponto.
Cubra com a confiança e a rebeldia e sirva ainda morno, acompanhado de batatas soutè.
Rende duas porções.

terça-feira, agosto 04, 2009

vivo extremos de emoção
lido com isso
pico
subterrâneo
não explico
escrevo
poesia não sabe de limite
poesia sabe... de quê?
Não sei. Sou poesia.
vivo em verso
vivo o inverso
não dá pra explicar meu caminho
o trajeto, de verdade, é sozinho

minha vida não dá futuro
minha vida tem passado
quando olho, se olho
é pro passado, pro vivido
e com isso eu lido
mas não vivo de adivinha
querendo prever o que vem
prefiro olhar e ver
que o que se sente
é só presente

um infantil

Era aquela coisa. Pipa, pião, rouba-bandeira, esconde-esconde, pega-ladrão.
Com o Sol se pondo, todas crianças pra dentro jantar. Pedrinho era o primeiro a rapar o prato e pedir repetição. João Vítor choramingava até o último grão e Robson brincava com o feijão. Marina só olhava e ria. Ela era a caçula dos quatro irmãos, e não sabia da sua vida sem aquela família. Gostava de fingir que eram piratas e exploravam o quintal, e que a casa na árvore era uma nave interplanetária. Um dia eles levariam todas crianças do bairro pra passear na lua, uma por uma. Maria tinha todos os planos desenhados e muito bem guardados em um envelope branco dentro de uma caixa azul, que ficava atrás da gaveta de meias dentro do armário do seu quarto.
Uma manhã de um domingo (o melhor dia de todos, junto com o sábado), todas as crianças acordaram se sentindo diferentes. Não era dor de barriga, nem piolho, nem xixi na cama, e nem tinha caído dente. A casa era a mesma, tudo estava arrumado na mesma bagunça de sempre e até seus pais dormiam um sono de domingo de manhã. Mas as crianças não estavam mais em seus corpos - acordaram todos presos em corpos de velhos.
Nada de subir na goiabeira, correr, plantar bananeira ou pular-mula. Estavam todos cansados e irritados por não poderem fazer nada, neca de brincadeira. Decidiram, então, que devia ter reunião na pracinha pra resolver a situação. Alguém havia de fazer alguma coisa, e foram chamadas todas as crianças do bairro que estivessem na mesma condição. Apareceram, além da Marina e seus irmãos, a Maria Bia, o Tião, o André, a Melina, a Cecília e o Luisão. Atrasados, chegaram a Virgínia e o Matheus, reclamando que aqueles corpos lerdos não eram seus. Não era mole ser criança em corpo de velho, não!
A primeira idéia foi perguntar a um adulto o que fazer. Decidiram que não, que era um problema de criança e criança que teria de achar a solução. Nada de misturar pai, mãe, professor, padre ou doutor. A Melina então sugeriu que perguntassem pro tarô. O André logo protestou - Esse tal de Tarô é por acaso seu jeito de chamar seu tataravô? Já dissemos que nada de adulto, quanto mais adulto velho! Já bastam nossos corpos, esse mistério.
Mas a Marina, que era muito sabida, falou logo que não era nada disso, que ele deixasse de ser rabugento e esperasse a Melina, que por sorte morava perto da pracinha e logo buscou o tal de tarô. Era um baralho cheio de figuras estranhas, e a criançada logo misturou tudo de curiosidade. A Melina ficou triste e disse que assim não dava pra ela ler não, que precisava concentração. Depois de todos quietos, ela fechou os olhos e perguntou ao tarô - Poderoso tarô, que faremos pra voltarmos logo aos nossos corpos? O tarô respondeu com uma figura de um velho segurando um cajado iluminado. Ninguém entendeu o recado.
As crianças estavam divididas. Tião achava que era culpa de muita lição. Pedrinho sugeria que deviam tomar uma sopa de legumes que resolveria o caso, Maria Bia era do time que queria procurar uma fonte da juventude e Matheus achava que se dormissem lhes voltaria a saúde. Mas foi Robson quem teve a idéia genial - Gente, o que queremos é voltar a nossos corpos de criança, não é? Então vamos brincar.
Todos logo gemeram que não conseguiam brincar de nada naqueles corpos velhos. Robson retrucou - Vamos brincar que somos velhos, então. E foi daí que apareceu a solução.
As crianças brincaram o dia inteiro que eram velhos. A Cecília buscou o baralho pra jogarem buraco. Luisão improvisou com o bingo do seu avô, e Pedrinho e João Vítor só ficaram no dominó. Quando estavam dançando em pares, num baile com vitrola e tudo, as mães chamaram almoçar. Esquecendo da condição, correram e foi a mesma coisa de sempre. Pedrinho foi o primeiro a rapar o prato e pedir repetição. João Vítor choramingou até o último grão e Robson brincou com o feijão. Marina então percebeu que tinham voltado aos seus corpos e, feliz, agradeceu. Afinal, nada como viver num corpo que é todinho seu.

sexta-feira, maio 15, 2009

Estou branca - vivo agora a página inteira

Quando eu era criança me disseram muitas coisas.
Que boa educação é não arrotar. Que nesse mundo a gente tem muito é que trabalhar. Que no escuro tem o mesmo que no claro. Que papai-noel existe pra quem acredita. Que a Xuxa não existe se não existir paquita.
O principal que me ensinaram de normal é "se você não gosta tanto de falar, pode escrever".
Disso nunca vou esquecer.
Depois vieram o caos, a calma, o palco, minha alma, meu corpo, eu-corpo...E ganhei formação, pouco antes da minha formatura. Depois deformei, reformei, e agora estou assim. Sou, por pouco. Há muito de mim em mim, tanto que às vezes quase explodo, e explodo. Junto cada pedacinho, olho um a um, com carinho: Sou isso. Ou: não sou mais isso.
E então mastigo, mastigo, engulo, e absorvo só o que ainda me presta.
Excreto tudo que de mais resta.
Vivo agora a página inteira. Não me servem mais os fragmentos, esses pedaços de muitas coisas que descubro aos poucos que são. Não me servem porque já desavessei de tudo um pouco. Até fazer o mesmo comigo e descobrir o meu eu-ao-contrário. De ponta-cabeça tudo parece normal pros meus olhos aviciados.
Já nem me lembro de tudo que fiz, os sonhos agora cumprem esse papel. Minha mente, minha memória estão livres pra lembrar o que quer que eu venha a viver. Estou branca. Estou branca porque já tenho muito em mim.