sexta-feira, abril 24, 2009

Ensaio sobre a Cegueira

Diz-se que os cegos rejeitaram a adaptação pro cinema do livro do Saramago. Disseram ser, o filme do Fernando Meirelles, uma obra agressiva, que propõe os cegos como bárbaros, e que isso não é a realidade. Não gostaram mesmo.
O diretor, por sua vez, respondeu que como podem eles dizerem isso? nem viram o filme.

quarta-feira, março 11, 2009

Divulgando o 11º TeSo em SP


somaterapia, capoeira angola, anarquia, bioenergética, gestalterapia, antipsiquiatria, pedagogia libertária, ecologia... Logo vem a programação de abril, e o grupo 5 de SP tá se formando.

quinta-feira, março 05, 2009

não esquecer de lembrar

quando as coisas estiverem difíceis, não esquecer de lembrar
que se não fosse esse desejo de aqui agora
essa teimosia por uma vida de alegria
se não me transbordasse amor
se me faltasse coragem
se eu não achasse incoerência com os sentidos bobagem
eu teria um futuro brilhante

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

...curso, pra mim, só o do rio.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Universos Paralelos

O dia estava rico de personalidades.

A garota que vendia e roubava livros ficava entre a curiosidade pelo que era gostoso e a curiosidade pelo que era desgostoso, analisando cada fato com cuidado e pretensão de escritora que era.
Tinha a personalidade do garoto popular e cheio de experiência, a personalidade do cara meia-idade que ainda vive com a mãe, da garota estudante cheia de energia boa, e do velho rabugento que só aceita conversar com quem fala a mesma língua que ele: a dos universos paralelos. Eles todos já sabem de tudo.
Quando, depois de o velho insistir em perguntar se a garota sabia da 4ª dimensão, se ela ao menos acreditava na 5ª dimensão, sem nenhum tipo de explicação a respeito do que isso queria dizer pra ele, a garota respondeu que as dimensões ainda não haviam lhe feito nenhuma jura pra que ela acreditasse ou desconfiasse. O velho se fechou em sua arrogância de velho e pediu que a garota não lhe tomasse por arrogante.

Ela aprendeu nonsense sem ler Beckett.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

El camino se hace al caminar

Qualquer coisa é um entre um milhão de caminhos. Portanto, um guerreiro deve sempre manter em mente que um caminho é apenas um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele em nenhuma circunstância. Sua decisão de permanecer no caminho ou abandona-lo deve estar livre de medo ou ambição. Ele deve olhar cada caminho, de perto e deliberadamente. Há uma pergunta obrigatória que o guerreiro tem de fazer: esse caminho tem coração?
Todos os caminhos são iguais: não levam a lugar algum. Entretanto, um caminho sem coração nunca é agradável. Por outro lado, um caminho com coração é fácil - ele não faz um guerreiro se esforçar para gostar dele; ele torna a viagem alegre; e, enquanto um homem o seguir, é um só com ele.
Carlos Castaneda

sexta-feira, janeiro 30, 2009

na dúvida
sigo à risca
há risco:
arrisco

domingo, dezembro 28, 2008

Dez motivos para eu estar viva em 2009

(parodiando o Caio, novo amigo de encontro e conexão inesperada - unzuhause77.blogspot.com/)

1 - pelo cinema, que me desperta

2 - pela música, que me relaxa

3 - pelos dias que nascem azuis

4 - pelas viagens, de todos os gêneros, números e graus

5 - pela exploração de todos os recantos do meu corpo, da minha alma

6 - pela exploração de todos os recantos dos corpos dos outros, das almas dos outros (ou até onde permitam que eu vá)

7 - pela exploração de todos os recantos do mundo (ou até onde eu conseguir chegar)

8 - pelos cafés pretos e pães na chapa na padaria, e pelos pequenos furtos, nos dias de pouco dinheiro

9 - pelos encontros e conexões inesperadas

10 - pela poesia

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Livre-arbítrio

cada poesia
abre e fecha o registro
o relógio de água da minha vida
que corre em contagem regressiva
máquina: um dia pifa
isso se eu não acabar com tudo antes.

lentamente pego caderno e lápis
caneta não
a sensação só me transita
já não escrevo com rapidez
hoje minha avidez não é aflita

ponho a cama nas costas
a cabeça nas nuvens
o corpo em mãos
e curto a sensação que não tem palavras

não sou máquina não
sou vida, enquanto houver vida
sou descontrole
descabida
não caibo em mim
de tanto amor
de tanta dor
hora calma
hora aflita
explodindo em pequenos gozos de fogos de artifício
ao longe, sacrifício
de perto, suplício
por vida, mais vida, mais e mais vida

logo caminho, o meu pra mim
o teu pra ti, o dele pra ele
vida, até a morte
escolho a escolha
junto com a sorte
conheço meu destino nos olhos dos outros
mas sou como poucos
só aceito meus karmas
munida das minhas armas

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Realismo Fantástico

Le Cuisinier
Bacchus
L'homme érotique


Le miroirs du temp


Transformando em livro os diários das minhas viagens, cheguei à parte de Paris e lembrei de um artista que eu e minha mãe vimos, extasiadas, numa galeria pequena de Montmartre. O nome dele é André Martins de Barros, e o trabalho dele me encanta.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Cegueira

Feche os olhos. Leia esse texto de olhos fechados ou, de preferência, não leia. Peça pra alguém ler pra você, se quiser escuta-lo. Você também pode tentar descobrir nele algum cheiro ou gosto, mas não pense a respeito de sua grande mensagem, ele não tem nenhuma grande mensagem que você já não saiba. Só estou colocando as coisas nos meus termos, caso queira saber.

O universo se manifesta de uma forma muito específica em cada um. Pode chamar de Deus se preferir, mas a questão é simples. Tão simples que não vou falar sobre ela, vou falar sobre como estou aprendendo a lidar com ela. Aprender significa descobrir que é possível.

As palavras no papel, ou na tela do computador, são imagens desenhadas. Nós podemos vê-las, não podemos toca-las, mas sabemos bem que elas estão aí. Fomos educados pra isso, descobrimos que é possível durante todo nosso passado. Também sabemos por experiência própria que o papel (ou a tela) também podem ser tocados. Diz-se que os índios daqui não viram as caravelas dos portugueses quando eles chegaram pela primeira vez na costa.

A vantagem dos cegos, dos cachorros e das plantas é que as pessoas conseguem olhar pra eles sem travas, porque sabem que eles não vão perceber. Pelo menos eu sentia assim, mas descobri que é um engano.

Concreto, palpável, sólido. Isso tem a ver com o tato.
É visível, aparenta. Aí é visão.
Também dá pra falar do cheiro, do sabor e do som, mas a realidade tem ainda outros sentidos que não precisamos catalogar, mas podemos aprender a perceber como parte da realidade. É só uma questão de conseguir alternar o foco pra essas sensações também.

Aprendi isso por causa de um garoto cego no metrô. Comecei a olhar e fui ficando cada vez mais curiosa com a beleza dele, ele tinha uma beleza muito específica, difícil de explicar, com lábios grossos e, apesar de eu não ter visto seus olhos, tenho certeza de que eram fundos. Comecei a perceber os detalhes e, quando vi, ele estava reagindo à minha energia, aos meus pensamentos. Não dissemos nada. Ele não me viu, mas tenho certeza de que ele me percebeu, e gostou de mim como eu gostei dele, logo de cara.

O necessário e suficiente, por que logo fomos embora, cada um pro seu caminho, e eu aprendi com ele que aceitar os limites é também ampliar o que houver neles de potencial. Assim se vive o que for necessário, de preferência chorando e sorrindo o suficiente.

sábado, dezembro 06, 2008

É Guimarães Rosa?

Mais vale um pássaro voando do que dois na mão

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Cadê Teresa?

Em tempos de pais atirando filhos pelas janelas, minha avó matou Tereza. Mandou matar.
Por três vezes em minha casa ligaram por aquele falso sequestro. Uma voz desesperada ao telefone, que os pais costumam jurar que é igualzinha a de seus filhos:
"Mãe, me ajuda mãe! Socorro mãe, me pegaram mãe!" Quando foi meu pai quem atendeu, entregou o nome do meu irmão, mas minha avó entregou o nome da Tereza. E não existe nenhuma Tereza:

"Tereza, é você?"

E Tereza passou o telefone pros "sequestradores", que logo pediram resgate.
Avó (desesperada) - Meu Deus, o que vocês vão fazer com a Tereza se eu não pagar?
Sequestrador (malvado) - Nós vamos matar Tereza!
Avó - Então pode matar a Tereza.
Sequestrador - Nós vamos matar sua filha! Você não tem amor pela Tereza?
Avó - É uma bandida que nem vocês. Pode matar que eu autorizo.
tu tu tu...

E o que sobra é o questionamento pra minha avó:
"E se foi engano e eu matei mesmo alguma Tereza?"

Já dizia o Jorge Ben:

Tereza foi ao samba lá no morro
E não me avisou
Será que arrumou outro crioulo
Pois ainda não voltou...

Mas!
Cadê Tereza?
Onde anda a minha Tereza?
Cadê Tereza?
Onde anda a minha Tereza?...

domingo, novembro 02, 2008

Tomorrow Never Happens

I don´t understand why half the world still cry, man
When the other half the world still cry too, man
And I can´t get it togheter

I mean, if you got a care for one day, man
Maybe you want a care for 365 days, right, and you ain´t got it for 365 days,
You´ve got it for one day, man
I tell you, that one day, man
better be your life, man

Because you know, you can say all man, you can cry about the other 364, man
But you gonna lose that one day, man?
That´s all you got
You gotta call that love, man
That´s what it is, man

If you got it today, you don´t want it tomorrow, man
Cause you don´t need it
Cause is a matter of fact, as we discover that it´s rain
Tomorrow never happens
It´s always the same fucking day

So you gotta hold on like it´s the last minute of your life
You gotta hold it
Cause someday
Someday will gonna come on your sholders, baby
it´s gonna feel too heavy
it´s gonna feel just like a ball and a chain

Janis Joplin

a short one

I could be here
or anywhere
the feeling is the same
but feels good to be everywhere